domingo, 7 de novembro de 2010



Primeiramente devemos entender o que é Estética.
Esse termo designa a ciência filosófica da arte e do belo. Foi cunhado no século XVIII, por volta do ano de 1750, pelo filósofo Baumgarten na obra intitulada Aesthetica, a qual “defendia a tese de que são objetos da arte as representações confusas, mas claras, isto é, sensíveis, mas “perfeitas”, enquanto são objeto do conhecimento racional as representações distintas (os conceitos)” (ABBAGNANO, 2007). Com isso o filósofo expõe que essa ciência admite diversas teorias para a compreensão das artes.
Para os filósofos antigos a arte e o belo não estão intimamente ligados assim como estão para a filosofia moderna e contemporânea. Para os antigos a arte estava ligada à poética, ou seja, arte produtiva e reprodutiva de imagens, já o belo, não considerado como objeto produtivo, era considerado a parte da poética.
Para Platão, o belo é manifestação evidente das Idéias (valores), sendo com isso a via mais fácil de acesso a tais valores; já a arte é a imitação das coisas sensíveis ou dos acontecimentos que se desenrolam no mundo sensível, sendo assim uma recusa em ultrapassar a aparência sensível em direção a realidade e aos valores, ou seja, uma forma que não contempla o mundo das idéias.
Aristóteles afirma que o belo consiste na ordem, na simetria e numa grandeza que se preste a ser facilmente abarcada pela visão em seu conjunto, ao mesmo que retoma o conceito de arte como imitação, apesar de retirá-la do confinamento da esfera sensível imposto por Platão.
Porém, a partir do século XVIII arte e belo mostram-se vinculados através do conceito de gosto, a saber: faculdade de discernir o belo, tanto dentro quanto fora da arte.
Foi a partir de Kant que ocorreu o estabelecimento da identidade entre arte e belo, ao afirmar que a natureza e arte estão ligadas, quando essa tem a aparência daquela e quando consideramos arte como objeto da natureza.
A estética como ciência da arte e do belo abrange também aspectos sociais, psicológicos, morais e técnicos, com isso, não há como delimitar a arte apenas no campo tradicional, confundindo em senso comum belo com beleza, ou seja, uma obra de arte bem realizada ou uma pessoa que está inserida no padrão atual de beleza.
Porém, qual é a função atribuída à arte?
A arte pode ser divida em dois grupos fundamentais: como educação e como expressão.
Como educação é a mais antiga e a mais difundida, Platão apesar de condenar a arte imitativa aceitou as formas artísticas como instrumentos educacionais úteis. Aristóteles vê que a arte não deve ser utilizada com um único benefício, mas à educação, à catarse[1], ao repouso, à elevação da alma e à suspensão dos afazeres.
Esses são os pontos de vista de que a arte é apenas um instrumento de aperfeiçoamento moral. Hegel tenta na obra Lições de Estética eliminar as teorias da arte como mera imitação, expressão ou aperfeiçoamento moral, para ele a finalidade da arte é a educação para a verdade através da forma sensível que esta reveste na arte e o aperfeiçoamento moral é uma consequência inevitável da educação teórica, ou seja, arte deve revelar a verdade através da representação sensível. O filósofo ainda afirma que a tarefa da arte é produzir a morte da mesma, ou seja, passar para as formas superiores de revelação da verdade absoluta, que são a religião e a filosofia.
Como teoria da expressão, consiste em ver a arte como forma final das experiências, das atividades e das atitudes humanas, ou seja, apresentar como fim aquilo que é um meio. Um artista ao representar um quadro ou uma poesia, busca ver e com isso fazer ver o que está representado em consonância com a realidade sensível que o cerca, suas emoções, necessidades, conceito, bem como o período histórico e político em que habita.
A estética está também intimamente ligada a dois eixos, a saber: hermenêutico e semiológico.
O eixo hermenêutico nos leva a questionar o sentido das obras e do trabalho artístico. Sentido entendido tanto como significação (ela tem um sentido semelhante à linguagem) quanto direção (ela visa o invisível); leva-nos a interpretar uma obra, revelar seus sentidos possíveis, mesmo que estejam ocultos em seu interior.
O eixo semiológico leva a refletir sobre a organização dos signos por meio dos quais a obra se manifesta e se especifica como obra. Esse eixo está ligado à segunda virada lingüística (século XX) da filosofia o que conduz a analisar as obras segundo seus componentes lógicos e a interrogar sobre sua especificidade.



[1] “Libertação do que é estranho à essência ou à natureza de uma coisa e que, por isso, a perturba ou corrompe.” (ABBAGNANO, 2007)

PARA FIXAR:

1) Quem foi o idealizador do termo Estética?
a) Baumgarten
b) Aristóteles
c) Hegel
d) Parmênides
e) Foucault


2) Em qual contexto se baseava a concepção de arte para os filósofos antigos?


3) A partir de qual período arte e belo se mostram vinculados? Defina qual o conceito de estética adotado a partir desse momento.


4) Qual a função atribuída à arte?


5) O que é o eixo hermenêutico?


6) O que é o eixo semiológico?

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